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Será que obtém o nutriente selénio em quantidade suficiente?

Será que obtém o nutriente selénio em quantidade suficiente?Estima-se que cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo tenham falta de selénio. Isto tem consequências graves para a saúde pública, pois aumenta o risco de infecções virais, doenças da tiróide, doenças cardiovasculares, cancro, doenças neurológicas e infertilidade involuntária. O problema é agravado pelo facto de o mercúrio, uma conhecida toxina ambiental, comprometer as diversas funções do selénio. A seguir, apresenta-se uma extensa lista de estudos em que se faz uma análise mais aprofundada das consequências da insuficiência de selénio e a vantagem de optimizar a concentração de selénio do organismo com a ajuda de suplementos.

O selénio foi descoberto em 1817 pelo cientista sueco Jacob Berzelius. Foi-lhe dado o nome da deusa grega Lua, Seléne. Inicialmente, pensava-se que o selénio era uma mineral tóxico. Só em 1979 é que a ciência determinou em definitivo que o selénio é um dos minerais essenciais, imprescindíveis para humanos e animais em quantidades adequadas.
O selénio favorece uma série de diversas selenoproteínas que são importantes para:

  • A estrutura celular
  • Regulação e activação de inúmeros genes e micro-ARN
  • Metabolismo energético e utilização da coenzima Q10
  • Sistema imunitário e processos inflamatórios
  • Funcionamento das hormonas tiroideias
  • Antioxidantes como glutationa peroxidase (GPS), que neutraliza os radicais livres

Mesmo uma insuficiência de selénio mínima impede as selenoproteínas de funcionarem devidamente. O organismo dá sempre primazia à renovação energética, que sequestra o selénio que, normalmente, é necessário para várias outras funções, como defesas imunitárias, função tiroideia, sistema nervoso, fertilidade, entre outras. A insuficiência relativa de selénio também torna as células cada vez mais vulneráveis a stress oxidativo e inflamação, o que pode levar a que as infecções se tornem perigosas. Este é o denominador comum de muitos problemas crónicos.

Selénio generalizado por toda a cadeia alimentar

O aporte de selénio alimentar depende do teor de selénio natural no solo, que pode divergir substancialmente – por vezes, numa percentagem de várias centenas – de uma região do mundo para outra. Pensa-se que mais de 40 países têm o solo agrícola pobre em selénio. Os níveis mais baixos observam-se na Europa, em vastas regiões da China, América do Sul, Índia, África e as regiões do sudoeste dos Estados Unidos. Para piorar tudo, a agricultura intensiva agrava ainda mais o défice de selénio. E isto reflecte-se por toda a cadeia alimentar. Estima-se que cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo tenham falta de selénio. O problema exige atenção imediata, à semelhança da solução encontrada para a insuficiência de iodo ao enriquecer o sal de mesa com iodo.
Na Dinamarca, desde 1975 que é prática corrente alimentar o gado com selénio suplementar, para prevenir doenças por carência, como baixa infertilidade, inflamação articular e enfartes. Mesmo a ração para animais de estimação é suplementada com selénio. Animais saudáveis equivalem a uma base saudável.

A solução do problema do selénio na China e na Finlândia

Na China, o teor de selénio no solo é bastante variável. Na província de Keshan, no nordeste da China, onde o solo é extremamente pobre em selénio, foi observada pela primeira vez uma doença cardíaca potencialmente letal, a que foi dado o nome de doença de Keshan. Já em 1965, a população chinesa desta região começou a prevenir e erradicar esta doença terrível com suplementos de selénio. Ainda assim, a China continua a ter vastas regiões em que o solo é muito pobre em selénio, o que aumenta o risco de várias doenças por carência.
O solo agrícola da Finlândia é igualmente pobre em selénio. Em meados da década de 1980, a Finlândia (sendo o único país europeu) instituiu o enriquecimento obrigatório com selénio dos fertilizantes, de modo a prevenir doenças por carência. Actualmente, o aporte médio de selénio dos finlandeses é de cerca de 100-110 microgramas, o que é considerado adequado. Este mero ajuste teve impacto positivo na saúde pública e na incidência de doenças cardiovasculares.

Selénio para as defesas imunitárias e para protecção contra infecções virais

As nossas defesas imunitárias são capazes de enfrentar quase todos os tipos de microrganismos e infecções sem que nos apercebamos. O selénio é extraordinariamente importante para a formação e actividade dos macrófagos como parte da imunidade inata e para as células T na imunidade adaptativa. Isto inclui a comunicação entre as células imunes, que é essencial para respostas imunitárias rápidas e eficazes.
O selénio é especialmente importante para conseguirmos combater as infecções virais do aparelho respiratório. Ao mesmo tempo, os antioxidantes GPX que contêm selénio protegem o organismo contra o stress oxidativo, que, de resto, pode provocar lesão dos tecidos saudáveis. Além disso, o selénio impede que os vírus sofram mutação e se tornem cada vez mais perigosos.
As concentrações de selénio no sangue baixam drasticamente com as infecções. Isto por causa da grande quantidade de selénio necessária para o sistema imunitário e para a protecção antioxidante do organismo. Quando o organismo tem grande défice de selénio, aumenta o risco de infecções e de complicações da gripe e de infecções virais.
Um estudo mais antigo de doentes infectados pelo VIH mostrou que os doentes com baixas concentrações de selénio no sangue tinham menos células T helper (auxiliadoras), evolução mais rápida da SIDA, e um risco 20 por cento superior de morrer da doença.
Em 2020, a cientista britânica Margaret Rayman observou relação entre o teor de selénio no solo e o risco de morte por COVID-19 (SARS-CoV-2). E um estudo alemão mostrou que os doentes que sobreviveram à COVID-19 têm concentrações de selénio no sangue mais elevadas comparativamente a indivíduos saudáveis. Num artigo de revisão de 2021 (Qiyuan Liu et al), cientistas chineses fizeram uma leitura aprofundada de diversos estudos sobre o papel do selénio na prevenção e tratamento de infecções causadas por diversos tipos de vírus, como VIH, Ébola, coxsackie, influenza, e SARS-CoV-2, todos eles com uma capacidade extraordinária de mutação.
Segundo um estudo americano, a suplementação diária com 200 microgramas de selénio aumenta a actividade celular do sangue em 80 por cento.

Selénio e doença cardiovascular

Aterosclerose e doença cardiovascular continuam a ser as causas principais de morte. A aterosclerose é provocada por depósito de colesterol LDL oxidado, cálcio e lípidos no interior das paredes das artérias. Isto diminui o diâmetro interno e torna mais difícil a circulação do sangue. Quando assim acontece, o colesterol, que aliás é essencial, oxida e torna-se uma ameaça para a saúde. A oxidação é provocada por stress oxidativo, situação em que os radicais livres nocivos são mais numerosos do que os antioxidantes protectores.
Nas últimas décadas, inúmeros estudos têm mostrado que a insuficiência de selénio aumenta o risco de coágulos e de morte súbita. A investigação também mostra que a suplementação com selénio confere protecção contra a aterosclerose, principalmente porque o selénio favorece os potentes antioxidantes GPX que protegem contra o stress oxidativo. No estudo inovador KiSel-10, administraram-se suplementos de levedura de selénio, em conjunto com coenzima Q10, a um grande grupo de pessoas de idade saudáveis. A associação dos dois nutrientes é crucial porque a produção endógena de Q10, que é fundamental para a renovação energética, função cardíaca e boa circulação, diminui com a idade, e o selénio reforça o efeito do Q10.
Um grupo recebeu, todos os dias, 200 mg de Q10 e 200 microgramas de levedura de selénio de qualidade farmacêutica, e o outro grupo recebeu placebo correspondente. Após cinco anos, o grupo que recebeu suplementos activos apresentava uma mortalidade cardiovascular 54% inferior, um aumento da resistência do músculo cardíaco e uma melhoria da qualidade de vida, comparativamente ao grupo placebo. Estudos de seguimento, após 10 e 12 anos, mostraram que as pessoas que tinham tomado selénio e Q10 apresentavam efeito significativo a longo prazo na função cardíaca e na longevidade.

Selénio e doenças da tiróide

A glândula tiróide, que contém mais selénio do que qualquer outro tecido orgânico, segrega duas hormonas tiroideias:

  • T4 (hormona passiva) – contém quatro átomos de iodo.
  • T3 (hormona activa) – contém três átomos de iodo.

Para activar o metabolismo nos diversos tecidos, um grupo de proteínas que contêm selénio (deiodinases) retira um átomo de iodo à T4, convertendo assim a T4 passiva em T3 activa. Isto sucede em função da necessidade do organismo de T3. Os antioxidantes GPX que contêm selénio também protegem a glândula tiróide, extremamente activa, contra o stress oxidativo.
Pensa-se que cerca de meio milhão de dinamarqueses sofre de tiroidite de Hashimoto, uma doença auto-imune que provoca abrandamento da taxa metabólica (hipotiroidismo). A maioria ainda nem sequer foi diagnosticada e muitos são tratados com hormona T4 sintética, acabando, ironicamente, por sentirem-se pior. A doença de Graves, outra doença auto-imune da tiróide, acelera a taxa metabólica (hipertiroidismo). Esta doença é tratada com fármacos antitiróideos, cirurgia, iodo radioactivo e corticóides, que é sabido terem efeitos secundários.
Tanto o iodo como o selénio são importantes na prevenção de doenças da tiróide. Por alguma razão, a atenção tem-se concentrado apenas no iodo, que é adicionado ao sal de mesa.
Diversos estudos mostram que a suplementação diária com 200 microgramas de selénio, administrada a doentes com doenças auto-imunes da tiróide, tem efeito positivo no decurso de 3-6 meses. Em doentes com tiroidite de Hashimoto e em grávidas com a doença na fase inicial (confirmada pela presença de anticorpos anti-TPO), a suplementação com selénio provou:

  • Melhorar a qualidade de vida
  • Baixar os níveis de anti-TPO (sinal de menos inflamação)
  • Melhorar a estrutura da glândula tiróide

Dois grandes estudos dinamarqueses (CATALYT e GRASS) mostram que a suplementação diária com 200 microgramas de levedura de selénio ajuda os doentes da tiróide que não beneficiam da terapêutica farmacológica.

Selénio e cancro

O cancro abrange uma longa lista de doenças que envolvem crescimento descontrolado de células malignas. Muitas vezes, passam-se muitos anos desde o momento da alteração celular inicial até à detecção do tumor. É sabido que o tabaco, carnes processadas, álcool e radiação UV aumentam o risco de cancro. Mas mesmo as pessoas que têm hábitos saudáveis podem desenvolver cancro. Um dos factores que para isso contribuem, e que é um problema eventualmente ignorado, é a falta de selénio, porquanto pode ser difícil obter selénio em quantidade suficiente na alimentação. Vários estudos de grande dimensão mostraram haver diferenças entre os níveis séricos de selénio ou o tecido ungueal de doentes oncológicos e de indivíduos saudáveis, muito antes de a doença ser detectada. Daí a importância de obter selénio suficiente ao longo da vida, sobretudo, pelas propriedades anticancerígenas do nutriente:

  • Regula e activa inúmeros genes e micro-ARN
  • Regula o crescimento celular
  • Favorece os antioxidantes GPX potentes que protegem as células e respectivo ADN e mitocôndrias contra os radicais livres
  • Repara a deterioração do ADN
  • Impede o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos em tumores (anti-angiogénese)
  • Ajuda na autodestruição de células patológicas ou com funcionamento deficiente (apoptose)
  • Contribui para o bom funcionamento do sistema imunitário
  • Neutraliza a inflamação
  • Neutraliza as toxinas ambientais, como o mercúrio

Décadas de investigação dinamarquesa e internacional mostraram haver nítida relação entre insuficiência de selénio e formas comuns de cancro. Em 1977, o Professor Schrauzer publicou estudos que mostraram que, em 27 países, o aporte de selénio é inversamente proporcional à mortalidade por cancro. Em 1996, o Professor Larry Clark, um ilustre cientista, documentou que a suplementação diária com levedura de selénio orgânico fazia baixar o risco de várias formas comuns de cancro e diminuía a mortalidade total por cancro em cerca de 50%. Entre os participantes que receberam suplementos de selénio, registaram-se menos 63% de casos de cancro da próstata, menos 58% de casos de cancro colo-rectal e menos 46% de casos de cancro do pulmão. Contudo, o estudo SELECT posterior não teve resultados semelhantes, e percebe-se porquê: os participantes do estudo já tinham níveis séricos de selénio elevados. Além disso, neste estudo foram usadas selenometionina e vitamina E sintética. É importante verificar sempre o tipo e qualidade dos suplementos usados nestes estudos, porque tem reflexos nos resultados.
No cancro da próstata, no carcinoma e em determinados tipos de leucemia, as células produzem quantidade excessiva de ligandos NKG2D, que provocam stress celular e hiperactividade das defesas imunitárias. Segundo investigadores dinamarquesas, o metilselenol neutraliza a produção excessiva de ligandos NKG2D e respectivo excesso na corrente sanguínea.
Uma metanálise mostrou haver relação entre cancro da próstata e insuficiência de selénio, e um estudo da Universidade Técnica da Dinamarca mostrou que a suplementação diária com 200 microgramas de levedura de selénio baixa o risco de cancro da próstata.
Luigina Bonelli, cientista italiana, demonstrou num estudo que o selénio mais zinco e outros antioxidantes conferem protecção contra o adenoma colo-rectal, um tipo de pólipo que pode evoluir para neoplasia do intestino. Além disso, a suplementação com estes nutrientes tem efeito protector a longo prazo.
Doentes suecos com cancro da mama, com baixos níveis séricos de selénio, selenoproteína P e GPX, têm 50% mais probabilidade de morrer por cancro da mama após oito anos, comparativamente a doentes com níveis séricos suficientes. O estudo corrobora investigação sueca anterior.
Um estudo populacional polaco mostrou que níveis séricos de selénio elevados aumentam a probabilidade de sobrevida a 10 anos ao cancro da mama. Uma análise de estudos anteriores mostrou que níveis séricos de selénio mais elevados estão associados a menor risco de desenvolver cancro da bexiga.

Selénio e fertilidade

O selénio é crucial na fertilidade masculina e feminina, e a insuficiência de selénio é um factor que contribui (e que é ignorado) para o problema generalizado de infertilidade involuntária. O selénio tem um papel essencial na formação espermatozóides saudáveis, pelo que o baixo aporte alimentar de selénio pode comprometer a qualidade e a motilidade dos espermatozóides. Os antioxidantes que contêm selénio protegem os espermatozóides contra o stress oxidativo. Daí que muito pouco selénio no organismo possa causar deterioração do ADN do espermatozóide (fragmentação do ADN). Isto significa que mesmo que o espermatozóide consiga fecundar o óvulo, este não se desenvolve normalmente e é rejeitado.
Um estudo em crianças mexicanas mostrou que a falta de selénio está associada a atraso no desenvolvimento dos pêlos púbicos e dos órgãos sexuais nos rapazes. Cientistas mexicanos observaram igualmente que a suplementação com selénio, zinco, Q10 e ácidos gordos ómega 3 tem influência positiva na quantidade e qualidade dos espermatozóides.
As selenoproteínas também são importantes para o desenvolvimento fetal e protecção contra o stress oxidativo. A falta de selénio durante a gravidez pode causar restrição do crescimento do feto e baixo peso à nascença. A suplementação diária com 100 microgramas de levedura de selénio, desde o primeiro trimestre até ao parto, ajuda a baixar em cerca de um terço o risco de ruptura de membrana. As grávidas que tomaram suplementos de levedura de selénio tinham menor incidência de pré-eclampsia, que é a causa mais frequente de parto pré-termo. A pré-eclampsia também pode provocar eclampsia, que é potencialmente fatal. Cientistas espanhóis descobriram que o leite materno contém selénio.

Selénio e doenças neurológicas

As selenoproteínas são importantes para uma série de funções no sistema nervoso central. Os antioxidantes GPX que contêm selénio neutralizam o stress oxidativo. Isto é extremamente importante para o cérebro porque este é mais vulnerável ao stress oxidativo, devido à grande irrigação sanguínea associada ao elevado teor de ferro e ácidos gordos insaturados.
A insuficiência de selénio pode causar falta de determinados neurotransmissores e maior risco de perturbações neurológicas. Em doentes com doença de Alzheimer observou-se que as concentrações de selénio eram cerca de 60% inferiores às de indivíduos saudáveis. Uma equipa de cientistas de Munique, Alemanha, identificou os mecanismos mais específicos e demonstrou como os antioxidantes GPX que contêm selénio protegem os neurónios do cérebro contra ferroptose, um tipo de morte celular provocada por acumulação de ferro e peroxidação lipídica.

O selénio alonga os telómeros – as agulhetas celulares

As células estão em constante renovação. Todavia, há um limite natural para o número de vezes que uma célula consegue replicar-se. Tudo depende dos telómeros situados na porção terminal do braço dos cromossomas. À semelhança das agulhetas que impedem o desgaste dos atacadores, os telómeros protegem o braço dos cromossomas. Contudo, se os telómeros ficarem demasiado curtos, as células deixam de dividir-se. Em vez disso, sucede um processo natural de autodestruição chamado apoptose.
Stress, falta de sono, inflamação e doenças crónicas, todos contribuem para o encurtamento dos telómeros e, consequentemente, da esperança de vida das pessoas e células. Cientistas chineses constataram haver relação directa entre o aporte total de selénio e o comprimento dos telómeros.

Níveis séricos de selénio e mortalidade

Um estudo, realizado pela professora britânica Margaret Rayman, mostra haver relação entre os níveis séricos de selénio e mortalidade.

Níveis séricos de selénio:

  • Abaixo de 105 microgramas por litro = mortalidade aumentada
  • 105-107 microgramas por litro = mortalidade abaixo da média
  • 130-150 microgramas por litro = mortalidade mais baixa

O nível sérico médio de selénio na Europa situa-se entre 80-100 microgramas por litro, um nível que aumenta o risco de morte prematura.

O mercúrio afecta as funções do selénio

Todos estamos expostos ao mercúrio do ar, do fornecimento de água, de peixes predadores, obturações de amálgama, entre outros. O mercúrio acumula-se no organismo e pode provocar lesão neurológica, lesão do feto, imunodepressão e outros problemas. O mercúrio liga-se quimicamente ao selénio e forma um composto inerte e inofensivo, o selenito de mercúrio. O problema desta “ligação” química é que se apodera do selénio que é necessário para formar as selenoproteínas essenciais. Quanto maior for a exposição ao mercúrio, maior terá de ser o aporte de selénio para suplantar a diferença. Desde que haja selénio suficiente no organismo para compensar eventuais insuficiências, não há perigo iminente.
O mercúrio acumula-se maciçamente no seu trajecto ascendente pela cadeia alimentar. Será, portanto, boa ideia consumir peixe de águas não poluídas e, de preferência, do fundo da cadeia alimentar – como seja arenque, anchovas, cavala e salmão. Estes peixes têm uma proporção mercúrio-selénio mais favorável, pelo que o seu consumo é mais seguro.

Dose de selénio ideal e de referência

Na Dinamarca, a dose diária de selénio recomendada é de, pelo menos, 55 microgramas. Mas em cerca de 20% da população é inferior a isso. Estudos mostram que são precisos, pelo menos, 100 microgramas diários de selénio para saturar devidamente a selenoproteína P, uma selenoproteína que é usada como marcador da concentração de selénio do organismo. Na Finlândia, onde se adiciona selénio aos fertilizantes agrícolas, a dose diária é de cerca de 100 microgramas. Diversos estudos de doenças da tiróide e do cancro mostram resultados favoráveis com 200 microgramas diários de suplementação. A EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) fixou a dose máxima diária de segurança em 300 microgramas. As selenoproteínas funcionam em sinergia com nutrientes como a vitamina E; em todo o caso, é fundamental procurar fazer uma alimentação o mais equilibrada possível.

Os suplementos com levedura de selénio são os mais indicados, porque contêm uma diversidade de compostos de selénio em tudo semelhante à que se obtém com uma alimentação equilibrada, com diversas fontes de selénio.

Compostos de selénio importantes

  • Composto que contém selénio - Função
  • Deiodinase tipo 1-3 - Hormonas tiroideias
  • GPX 1-6 (Glutationa Peroxidase) - Antioxidantes potentes
  • Selenoproteína S - Regulação das citocinas e da reacção inflamatória celular
  • Selenoproteína P - Antioxidante e transporte do selénio no organismo
  • Selenoproteína R e N1 - Antioxidantes com muitas outras funções
  • Selenoproteína M - Grandes concentrações no cérebro. Ainda não se sabe qual é a sua função
  • Selenoproteína T - Intervém na estrutura celular e estrutura das proteínas
  • TXNRD 1-3 - Antioxidantes, mitocôndrias, renovação energética, metabolismo
  • MSRB1 - Reparação de danos oxidativos
  • Metilselenol - Neutraliza a produção excessiva de ligandos NKG2D problemáticos e a sua presença no sangue

Mesmo a mínima insuficiência de selénio leva a funcionamento deficiente das selenoproteínas

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