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A suplementação com Q10 melhora função renal na síndrome nefrótica

A suplementação com Q10 melhora função renal na síndrome nefróticaA deficiência primária de Q10 é uma disfunção rara em que a incapacidade do organismo de sintetizar Q10 pode levar a um tipo raro de doença nefrótica, que não é passível de tratamento com medicamentos. Contudo, segundo um novo estudo, publicado em Kidney International, tudo indica que a suplementação com Q10 pode reduzir a excreção de proteínas pelo rim, proteger a função renal e diminuir a mortalidade. Com base nestes achados, os cientistas concluíram que todos os doentes com deficiência primária de Q10 devem, de preferência, fazer terapêutica de Q10 precoce e para a vida, de modo a impedir a progressão da doença e a evitar futura lesão orgânica.

Q10 é uma coenzima de que as mitocôndrias celulares precisam para produzirem energia. O Q10 também é um antioxidante potente que protege as células contra o stress oxidativo. Quanto mais energia uma célula produz, maior a quantidade de Q10 de que precisa, e isto acontece principalmente nos órgãos que têm grande necessidade de energia, como é o caso do coração e dos rins. O ser humano sintetiza a maior parte do Q10 de que precisa, mas a síntese endógena diminui com a idade.
A deficiência primária de Q10 é uma disfunção muito rara causada por defeitos nos genes que intervêm na síntese de Q10, o que pode levar a síndrome nefrótica resistente à terapêutica, causada por disfunção renal.
Neste novo estudo, publicado em Kidney International, os cientistas colheram e analisaram informações de 116 doentes com síndrome nefrótica, a quem foram administrados suplementos de Q10 no tratamento da deficiência primária de Q10. Mais concretamente, os doentes apresentam defeitos nos seguintes genes: COQ2, COQ6, ou COQ8B. O período de seguimento médio foi de dois anos. Os cientistas avaliaram o impacto na proteinúria (excreção de proteínas) dos doentes e também analisaram a longevidade do rim em 41 doentes, com menos de 18 anos de idade e doença nefrótica crónica de estádio 1 a 4, que foi realizado ab initio e no fim do estudo. Posteriormente, os investigadores compararam os resultas com o grupo placebo relativamente a genótipo, idade, função renal e proteinúria.
Verificou-se que a suplementação com Q10 reduziu significativamente a proteinúria em 88 por cento ao longo de 12 meses. A ausência total de proteinúria, basicamente, observou-se em doentes com um gene COQ6 defeituoso. A suplementação com Q10 levou a protecção significativamente melhor da função renal. A sobrevida a cinco anos foi de 62% no grupo Q10 e de 19%no grupo placebo. Os participantes do grupo Q10 também apresentaram melhoria do estado geral e das manifestações neurológicas.
Os investigadores concluíram que todos os doentes com deficiência primária de Q10 devem fazer terapêutica de Q10 precoce e para toda a vida, de modo a retardar a progressão da doença renal e a impedir lesão de outros órgãos.
Convém esclarecer que vale a pena optar por um suplemento de Q10 de qualidade farmacêutica, desde logo, porque o organismo tem muita dificuldade em absorver Q10. Até ao presente, a única formulação com absorção e biodisponibilidade comprovadas é a formulação com Q10 dissolvido num tipo especial de óleo que foi submetido a um processo de aquecimento. Este processo garante que as moléculas de Q10 são devidamente absorvidas pela membrana intestinal.

Que impacto tem o Q10 na síndrome nefrótica?

A falta de Q10 pode comprometer a renovação energética, dar origem a danos oxidativos e provocar apoptose (morte celular programada) das células afectadas. Um tipo especial de células renais, chamadas podócitos (células na cápsula de Bowman no rim, que envolvem os capilares do glomérulo), são especialmente vulneráveis devido à elevada renovação energética. Daí que disfunções nas mitocôndrias dos podócitos possam destruir a capacidade do rim de filtrar o sangue.
A síndrome nefrótica caracteriza-se por proteinúria e edemas periféricos. Outros sintomas incluem urina espumosa, edema periorbital, fadiga, náuseas e perda de apetite. Se não for tratada, a doença pode ser potencialmente fatal. A síndrome nefrótica, normalmente, é tratada com diuréticos, inibidores da ECA e corticóides. Contudo, como já foi referido, os doentes com deficiência primária de Q10 são resistentes à terapêutica.
A terapêutica com Q10 tem revelado potencialidades. Embora tenha havido algumas dúvidas quanto ao efeito a longo prazo, este novo estudo indica que toda a gente com deficiência primária de Q10 e síndrome nefrótica deve fazer terapêutica com Q10 o mais cedo possível, para optimizar a necessidade de composto pelo organismo e impedir a progressão da doença. Os autores referem ainda que o Q10 reforça as mitocôndrias e outras funções orgânicas.

Referências bibliográficas:

Stefania Drovandi et al. Oral Coenzyme Q10 supplementation leads to better preservation of kidney function in steroid-resistant nephrotic syndrome due to primary Coenzyme Q10 deficiency. Kidney International. September 2022

Illenia Cirilli et al. Role of Coenzyme Q10 in Health and Disease: an Update on the last 10 years (2010-2020). Antioxidants 2021



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