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Coenzima Q10 como factor determinante da força muscular e do envelhecimento

Coenzima Q10 como factor determinante da força muscular e do envelhecimentoO envelhecimento está associado a perda de massa muscular e diminuição do desempenho físico, que tendem a diminuir a qualidade de vida. É sabido que a coenzima Q10 tem um papel importante na renovação energética celular e na protecção contra o stress oxidativo. Ora, dois estudos coorte independentes mostram inclusive haver relação entre a taxa de Q10 do organismo e a força muscular. Uma investigação anterior sugere mesmo que os suplementos de Q10 podem ajudar pessoas mais velhas a desenvolverem fibras musculares mais vigorosas. As pessoas que tomam estatinas para baixar o colesterol devem tomar suplementos de Q10.

À medida que envelhecemos, perdemos massa muscular. Depois dos 50, geralmente, perdemos anualmente cerca de 0,5 a 1 por cento de massa muscular. E esta acelera a partir dos 65-70 anos. A perda de massa muscular é consequência de a degradação das proteínas suplantar a sua elaboração. Também explica por que razão muitas pessoas ficam com as nádegas achatadas e extremidades finas (dedos das mãos e dos pés), uma consequência de atrofia muscular. Há evidência de que as pessoas mais velhas tendem a consumir menos proteínas do que o recomendado, o que só agrava o problema.
A perda de massa muscular não é necessariamente um problema contudo, tende a tornar mais fracas as pessoas mais velhas. Além disso, desempenho físico reduzido está frequentemente associado a perda de qualidade de vida, doença cardiovascular e, na pior das hipóteses, morte prematura.
A perda de massa muscular relacionada com a idade está até ligada a deterioração das proteínas estruturais musculares e redução do número de fibras musculares. E é aqui que a coenzima Q10 parece ter várias funções importantes.

Funções importantes do Q10 na renovação energética, na saúde e nos músculos

Q10 é uma coenzima que actua 24 horas por dia no interior das mitocôndrias, as centrais eléctricas das células. Com a ajuda do oxigénio, o Q10 transforma gorduras, hidratos de carbono e proteínas em ATP (adenosina trifosfato) – energia quimicamente armazenada em forma molecular. O tecido muscular, incluindo o coração, está especialmente dependente de energia, pelo que contém mais mitocôndrias que outros tecidos orgânicos. O Q10 também funciona como antioxidante que protege as células contra o stress oxidativo causado pelos radicais livres.
O Q10 intervém inclusive na activação de genes e proteínas.
A principal fonte de Q10 é a síntese endógena da substância no organismo. Todavia, a partir dos 20 anos, a produção de Q10 no organismo diminui. Esta diminuição torna-se particularmente perceptível por volta dos 40-50 anos, altura em que muitas pessoas se sentem menos enérgicas. Os medicamentos para baixar o colesterol também reduzem os níveis de Q10 no organismo, porque bloqueiam a síntese de Q10 no fígado.

As várias formas de Q10

Há duas formas principais de Q10, ubiquinona e ubiquinol. O ubiquinol (e os suplementos que contêm esta forma de Q10) é frequentemente designado por “Q10 activo”, mas esta designação é enganadora, visto que ambas as formas de Q10 são activas, cada uma à sua maneira.

  • A ubiquinona é a forma oxidada de Q10, que é especialmente importante para a renovação energética nas mitocôndrias. A ubiquinona, que é amarelada, encontra-se principalmente no interior das células.
  • O ubiquinol é a forma não-oxidada que funciona principalmente como antioxidante. O ubiquinol, que é esbranquiçado, encontra-se principalmente na linfa e no sangue, onde protege contra a aterosclerose.

Interacção extraordinária

Com a ajuda dos processos enzimáticos, em que o selénio também tem um papel decisivo, a ubiquinona e o ubiquinol transformam-se continuamente ora numa, ora noutra forma, consoante o tipo de Q10 de que o organismo precisa para um determinado fim. Daí ser indiferente o tipo de Q10 que se toma como suplemento. O que importa é produzir Q10 e absorver a substância de suplementos de qualidade superior. O organismo fica em condições de transformá-la na forma de que necessita.

Baixos níveis de Q10 e colesterol indicam aumento do risco de perda de força muscular

Os dois estudos coorte referidos tinham por objectivo medir a preensão e comparar com taxa de Q10, sexo, idade e IMC. A preensão é uma forma prática e eficaz de medir a força muscular de uma pessoa. Além disso, os cientistas que estão por detrás do estudo associaram diminuição da preensão a maior risco de doença cardiovascular a um nível comparável a hipertensão. Isto mostra a importância dos músculos na saúde geral
Mediante um debitómetro, os investigadores também mediram o débito expiratório máximo (expiração máxima forçada) dos participantes do estudo, que é controlado pelos músculos das vias aéreas. Nos dois estudos coorte participaram 1.301 pessoas no total, com idades entre 20-85 anos (com uma idade média de 52,6 anos). Foram medidos os níveis de Q10 e de colesterol dos participantes, e isto porque o colesterol é o veículo importante que transporta o Q10 (na forma de ubiquinol) pelo sangue. Como o ubiquinol é um antioxidante potente, protege o colesterol contra a oxidação, que é a causa principal de aterosclerose.
Os estudos mostraram que baixos níveis de Q10 e colesterol podem ser um indicador de diminuição da preensão e maior risco de perda de massa muscular.
O excesso de peso, por si só, estava relacionado com níveis de Q10 reduzidos. Por outro lado, a actividade física tinha tendência para aumentar os níveis de Q10 no sangue e nos músculos, mesmo em pessoas mais velhas. Maior quantidade de Q10 não só está relacionada com a função muscular, mas também com as defesas do organismo contra o stress oxidativo e, subsequentemente, menor risco de aterosclerose e doença cardiovascular.

Gráfico que mostra níveis de Q10 no tecido muscular cardíaco em diferentes fases da vida

Gráfico que mostra níveis de Q10 no tecido muscular cardíaco em diferentes fases da vida

Os suplementos de Q10 podem proteger as mitocôndrias e reduzir a perda de tecido muscular relacionada com a idade?

Isto é corroborado pela evidência. Em estudos anteriores, investigadores da Universidade de Columbia constataram que a perda de massa muscular é consequência de perda de cálcio das cadeias proteicas nos músculos, o que dá início a uma série de processos que impedem a contracção muscular. Os cientistas também constataram que as mitocôndrias desempenham um papel importante na sinalização do cálcio celular. Daí o compromisso da função mitocondrial poder ter um efeito negativo nos músculos.
Em todo o caso, com o avançar da idade, aumenta a deterioração oxidativa do ADN mitocondrial no tecido muscular. O ADN mitocondrial é responsável pela codificação das proteínas estruturais musculares importantes. Quando há deterioração deste ADN, deixa de haver elaboração de proteínas. Consequentemente, a deterioração do ADN mitocondrial está ligada à perda de fibras e atrofia (perda de tecido) musculares.
Um estudo de 14 homens, de idade igual ou superior a 57 anos, mostrou que os que tomavam suplementos de Q10 tinham fibras musculares e massa muscular mais vigorosas. Provavelmente, porque o Q10 neutraliza a deterioração oxidativa do ADN mitocondrial nas células musculares. Evidentemente que o efeito é reforçado se a pessoa for fisicamente activa e trabalhar os músculos.

Os antidislipidémicos baixam a produção de Q10 endógena do organismo

São muitas as pessoas, em especial as de mais idade, que tomam antidislipidémicos (estatinas). Segundo os dois estudos coortes atrás referidos, as estatinas podem estimular a perda de massa muscular relacionada com a idade.
De qualquer modo, a utilização de estatinas está associada a efeitos secundários. Estes surgem porque tanto o colesterol como o Q10 são sintetizados a partir da enzima HMG-CoA. Como as estatinas actuam ao bloquear esta enzima, também inibem a síntese de Q10.
Do ponto de vista bioquímico, isto explica os efeitos secundários das estatinas, que, normalmente, incluem sintomas como dores musculares, fadiga, e dificuldade de respirar devido à falta de energia das células.
Para reduzir os efeitos secundários, as estatinas devem, por isso, ser associadas a 100 mg de Q10 diários.

Curva que mostra como as estatinas bloqueiam o Q10

Curva que mostra como as estatinas bloqueiam o Q10

Opte sempre por um suplemento de Q10 que o organismo possa absorver e metabolizar

Q10 é uma molécula lipossolúvel, e, portanto, as moléculas de Q10 nos suplementos são sempre lipossolúveis. O Q10 nos vários tipos de matérias-primas e suplementos apresenta-se na forma cristalizada, que o ser humano não consegue absorver e metabolizar porque os cristais não conseguem atravessar a membrana intestinal e entrar na corrente sanguínea. Para dissolver estes cristais, são necessários óleo e técnica de aquecimento especiais. Este tratamento permite aos cristais dissolverem-se, deixando cada uma das moléculas de Q10 livre para atravessar a parede intestinal.
É conveniente optar sempre por um suplemento de Q10 de qualidade e biodisponibilidade comprovadas, pois esta é a única maneira de ter a certeza de que o Q10 chega realmente às mitocôndrias das células.

Por que razão a maioria dos estudos realizados utiliza ubiquinona

Grande parte da investigação científica é realizada com Q10 na forma de ubiquinona, que é mais barata de fabricar e mais estável. O ubiquinol oxida com muito mais facilidade, pelo que é difícil manter-se na forma de ubiquinol no interior da cápsula. Por causa da sua instabilidade, o ubiquinol transforma-se facilmente em ubiquinona. Se assim acontecer, não serve de muito tomar esta forma de Q10. Como já se referiu, o ubiquinol é esbranquiçado e a ubiquinona é amarelada. Para confirmar, de imediato, se o produto corresponde ao que se adquiriu, basta furar a cápsula e espremer o seu conteúdo.

Não se esqueça que os músculos precisam de proteínas

As proteínas são os componentes constituintes dos músculos. A dose diária recomendada de proteínas é de 800 miligramas por quilograma de peso corporal, mas nos últimos anos os cientistas têm vindo a aumentar a dose recomendada para as pessoas idosas. Actualmente, recomendam que as pessoas de mais idade ingiram 1-1,5 gramas de proteínas para ajudar a preservar a saúde muscular. Os idosos que sofrem de doenças graves ou com sinais de subnutrição grave podem precisar de 2 gramas de proteínas.
A perda de massa muscular muitas vezes leva a perda de peso indesejável, mas o estudo Saúde, Envelhecimento e Composição Corporal mostrou que os idosos com o maior aporte proteico perderam menos 40% de peso do que o quintil que consumiu a menor quantidade de calorias durante o período de três anos.

Referências:

Fischer Alexandra et al. Coenzyme Q10, Status as a Determinant of Muscular Strength in Two Independent Cohorts. PLoS One 2016
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5132250/

Allen, H. Pak et al. Accumulation of mitochondrial DNA deletion mutations in aged muscle fibers: evidence for a casual role in muscle fiber loss. The Journals of gerontology. Series A. Biological sciences and medical science march 2007.

Francesco Landi et al. Protein Intake and Muscle Health in Old Age: From Biological Plausibility to Clinical Evidence. Nutrients 2016

Linnane et al. Cellular redox activity of coenzyme Q10: effect of coQ10 supplementation on human skeletal muscle. Free Rad Res 2002

https://en.wikipedia.org/wiki/Sarcopenia

https://www.kost.dk/sites/default/files/uploads/public/underernaering_publikationsmallpdf.com.pdf

Pernille Lund. Q10 – fra helsekost til epokegørende medicin. Ny Videnskab 2014


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