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A falta de selénio aumenta a toxicidade dos medicamentos para alívio da dor

A falta de selénio aumenta a toxicidade dos medicamentos para alívio da dorMilhões de pessoas tomam analgésicos que contêm paracetamol e estima-se que, aproximadamente, mil milhões de pessoas tenham falta de selénio, devido aos terrenos de cultivo pobres no nutriente. Esta é uma mistura infeliz, porquanto a insuficiência de selénio aumenta o risco de utilizar paracetamol, pois mesmo as doses recomendadas sobrecarregam o fígado de tal maneira que provocam toxicidade e aumentam o risco de efeitos secundários. Isto mesmo foi demonstrado num estudo, realizado em colaboração, pela Universidade de Bath, em Inglaterra, e Universidade Southwest, na China.

O paracetamol é um medicamento, de venda livre, muito usado para alívio da dor (analgésico), e para combater a febre (antipirético). O paracetamol influencia a síntese de neurotransmissores que são transmitidos ao sistema nervoso central. Também há medicamentos sujeitos a receita médica contra a dor intensa, com paracetamol e codeína – um opióide – em associação. É extremamente importante não exceder a dose recomendada de paracetamol, que é de quatro gramas por dia, no adulto, ou dois comprimidos 500 mg, quatro vezes ao dia. A sobredosagem, por exemplo na tentativa de suicídio, pode provocar lesão irreversível, dolorosa e potencialmente fatal do fígado e de outros órgãos internos. Segundo a ciência mais recente, mesmo a dose máxima actual de paracetamol, no adulto, pode ser demasiado elevada.

A falta de selénio aumenta a toxicidade do paracetamol

Os cientistas da Universidade de Bath, em Inglaterra, e Universidade Southwest, China, descobriram que a falta de selénio afecta a taxa a que o paracetamol é metabolizado pelo organismo. Por outras palavras, a ingestão da dose diária máxima de quatro gramas de paracetamol pode ser perigosa em pessoas com baixos níveis de selénio. Segundo o Dr. Charareh Pourzand, da Universidade de Bath, que coordenou o estudo, as pessoas com défice de selénio podem ter dificuldade em metabolizar o paracetamol com rapidez suficiente de modo a proteger o fígado. Isto pode provocar sobredosagem de paracetamol, mesmo nos casos em que há adesão às devidas instruções de utilização em segurança do medicamento.

  • Milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo mulheres grávidas ou a amamentar, tomam paracetamol
  • Na Grã-Bretanha, cada pessoa toma, em média, 70 comprimidos por ano
  • Segundo a Autoridade de Saúde Dinamarquesa, as crianças com peso inferior a 40 quilos podem tomar a mesma dose que os adultos
  • A COVID-19, em que um dos sintomas são as dores de cabeça, aumentou o consumo de paracetamol

Na insuficiência de selénio, os radicais livres nocivos atacam o fígado

O selénio faz parte das enzimas antioxidantes potentes, denominadas GPx, que ajudam a neutralizar o stress oxidativo, que é um desequilíbrio entre radicais livres nocivos e antioxidantes protectores. O ser humano produz radicais livres naturalmente, como parte do metabolismo energético, mas também durante desintoxicação, infecções e outros processos metabólicos. Contudo, os radicais livres devem ser controlados para não atacarem as células.
Quando há falta de selénio, o organismo não consegue produzir quantidades suficientes de enzimas antioxidantes que contêm selénio (selenoproteínas), o que aumenta a carga de radicais livres no fígado. Como o fígado é o órgão principal que intervém na degradação do paracetamol, está vulnerável a stress oxidativo. Por consequência, poderá ocorrer lesão de membranas celulares, ADN e proteínas fundamentais. Escusado será dizer que o risco de lesão aumenta com o consumo regular de paracetamol para alívio da dor recorrente ou persistente. Daí o Dr. Pourzand realçar a importância de fazer uma alimentação saudável com selénio suficiente, se bem que possa ser difícil, mesmo seguindo as orientações alimentares oficiais.

Fontes de selénio e causas da insuficiência de selénio generalizada

Obtém-se selénio no peixe gordo, miúdos, ovos, arroz integral, castanha-do-pará, cogumelos, e noutras fontes. Contudo, em locais como Grã-Bretanha, Escandinávia, Nova Zelândia, regiões do nordeste da China, e os estados do Sudeste dos E.U.A., os terrenos de cultivo são pobres em selénio, e isto tem influência em toda a cadeia alimentar. Além disso, o uso de pesticidas, em conjunto com a alteração dos hábitos alimentares, contribui para os problemas generalizados de insuficiência de selénio. Pensa-se que cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo tenham falta de selénio, ou seja, um em cada sete cidadãos à escala mundial.

Recomendações ideais e oficiais

O Dr. Pourzand chama ainda a atenção para o facto de que há que ter cuidado para não obter selénio em excesso com os suplementos. Deve-se, por isso, procurar obter a quantidade certa.
Na Dinamarca, a dose de referência (DR) de selénio é de 55 microgramas, mas muitos estudos sugerem que o ser humano precisa de cerca de 90-100 microgramas para saturar a selenoproteína P, que é usada como um marcador da concentração de selénio no organismo. A EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) fixou a dose máxima de segurança em 300 microgramas diários. De qualquer modo, é importante ter uma alimentação saudável, visto que as proteínas que contêm selénio funcionam com outros nutrientes, como seja a vitamina E.

A levedura de selénio, com diversas variedades de selénio, é ideal para suplementação, porque se assemelha à variedade de selénio que se obtém com uma alimentação equilibrada, com diversas fontes de selénio.

Referências bibliográficas:

Li, J et al. Selenium Status in Diet Affects Acetaminophen-induced Hepatotoxicity via Interruption of Redox Environment. Antioxidants and Redox Signaling. 2020

Medical News Today. Study shows link between selenium-deficiency diet and paracetamol toxicity. Aug 5 2020

Lutz Shomburg. Dietary Selenium and Human Health. Nutrients 2017

https://da.wikipedia.org/wiki/Paracetamol

https://www.sst.dk/da/nyheder/2020/foraeldre-kan-give-deres-boern-paracetamol-som-tablet

https://www.med24.dk/bliv-klog-paa-laegemidlet-paracetamol


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