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A evidência clínica mostra que a suplementação com Q10 ajuda os doentes com insuficiência cardíaca

A evidência clínica mostra que a suplementação com Q10 ajuda os doentes com insuficiência cardíacaNão existe vida sem coenzima Q10. O composto é necessário à renovação energética em todas as nossas células. Também funciona como antioxidante potente que protege o coração e o sistema cardiovascular contra o stress oxidativo. O ser humano consegue sintetizar o Q10, mas a produção endógena diminui com a idade. Além disso, os doentes com insuficiência cardíaca tem baixos níveis de Q10, o que pode ser fatal, mas décadas de investigação mostram que os suplementos de Q10 podem melhorar a qualidade de vida e reduzir a mortalidade em perto de 50 por cento, segundo um artigo de revisão na Journal of Clinical Medicine, em que os autores referem 90 artigos publicados. É igualmente importante obter selénio em quantidade suficiente, o que ajuda o Q10 a funcionar perfeitamente.

Milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de insuficiência cardíaca crónica, uma doença que é das principais causas de morte em vários países. É fundamental cuidar do coração e do sistema cardiovascular, mantendo hábitos de vida saudáveis. Além disso, valerá a pena equacionar a toma diária de um suplemento de Q10, especialmente quando se tem mais idade ou se sofre de um qualquer tipo de insuficiência cardíaca. O Q10 é essencial para o coração e sistema circulatório, por várias razões.

  • Sintetizamos a maior parte do Q10 de que precisamos
  • A produção endógena vai diminuindo a partir dos 20 anos
  • Muitas pessoas notam perda de vitalidade quando atingem os 50 anos de idade
  • Os antidislipidémicos inibem a síntese de Q10 pelo organismo
  • O tecido muscular cardíaco dos doentes com insuficiência cardíaca contém menos Q10 do que o de pessoas saudáveis
  • Os cientistas vêem muitas virtualidades na utilização de Q10 como adjuvante da terapêutica para a insuficiência cardíaca

O coração, que tem grande necessidade de energia, precisa de muito Q10

A coenzima Q10 intervém na renovação energética celular que tem lugar no interior das minúsculas centrais eléctricas, em forma de feijão, chamadas mitocôndrias. Nestas, faz-se a combustão dos nutrientes, num processo que implica Q10 e oxigénio. Este processo emite electrões através de uma cadeia enzimática, conhecida como cadeia transportadora de electrões. A função do Q10 é receber e emitir os electrões, para ajudar a produzir uma molécula chamada ATP (adenosina trifosfato), que é energia armazenada na forma química para utilização futura. O coração bombeia dia e noite, sem interrupção, e utiliza cerca de 25 por cento da necessidade de energia total quando estamos em repouso, o que dá bem a ideia da quantidade de energia de que precisa. Não admira que as células do músculo cardíaco contenham muito mais mitocôndrias do que outros tipos de células, sendo que o coração consome grandes quantidades de Q10.

Sinais de insuficiência cardíaca

  • Dispneia e cansaço
  • Palpitações cardíacas
  • Dor torácica (angina de peito)
  • Tonturas
  • Retenção de líquidos (especialmente nos tornozelos e pernas)
  • Hipertensão arterial (difícil detectar sem medir)

Se suspeitar de insuficiência cardíaca ou aumento da tensão arterial, deve consultar o seu médico.

O Q10 é um antioxidante potente

O Q10 também constitui um antioxidante altamente eficaz que protege as células e os tecidos contra o stress oxidativo, ou seja, desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes. Os radicais livres são moléculas agressivas com um electrão ímpar, o qual tentam substituir apoderando-se de outros electrões, dando assim início a uma reacção em cadeia nociva que provoca lesão celular.
O ser humano produz radicais livres como um subproduto natural da renovação energética e de outros processos metabólicos. Contudo, os radicais livres precisam de ser controlados, de modo a impedi-los de atacarem as células. O nosso ADN, mitocôndrias e lípidos nas membranas celulares estão muito vulneráveis a danos dos radicais livres. O número de radicais livres aumenta extraordinariamente com factores como envelhecimento, inflamação, doenças crónicas ou intoxicação.
A enorme renovação energética no coração também dá origem a cascatas de radicais livres. Aqui, o Q10 tem demonstrado ter uma função essencial enquanto antioxidante único e muito potente, que protege as membranas celulares, as mitocôndrias e o ADN contra o stress oxidativo. Verdade seja dita, nenhum outro antioxidante consegue substituir o Q10.

A falta de Q10 compromete a função cardíaca

Amostras de tecido cardíaco de doentes com insuficiência cardíaca mostram que quanto mais fraco estiver o músculo cardíaco, menos Q10 contém. Além disso, tudo indica que as mitocôndrias energéticas também apresentam defeito.

Suplementação com Q10: melhor função cardíaca e mortalidade 43 por cento inferior

A insuficiência cardíaca crónica é potencialmente fatal. Segundo as estatísticas, em cerca de um terço dos doentes, a morte sobrevém no espaço de um ano após o primeiro internamento por insuficiência cardíaca. Daí que os investigadores vejam muitas potencialidades na utilização de Q10 como terapêutica adjuvante no tratamento da insuficiência cardíaca.
No artigo de revisão da Journal of Clinical Medicine, os autores remetem para uma lista de estudos em que doentes com insuficiência cardíaca receberam suplementos de Q10. O cardiologista dinamarquês Svend Åge Mortensen, já falecido, coordenou o estudo pioneiro Q-Symbio, que comprova o efeito do Q10 na insuficiência cardíaca. O estudo integrou 420 doentes com insuficiência cardíaca, recebendo todos eles terapêutica cardíaca convencional. Além disso, metade dos doentes recebeu três cápsulas de coenzima Q10 100 mg, por dia, ao passo que a outra metade recebeu placebo correspondente.
Após 16 semanas, os cientistas observaram diminuição dos níveis de NT-proBNP no grupo que recebeu suplemento de Q10. Esta é uma proteína excretada pelo coração quando está em sobrecarga. E os níveis de NT-proBNP subiram no grupo placebo. Isto mostra que o suplemento de Q10 ajudou o coração a bombear com mais facilidade.
Ao fim de dois anos, a taxa de mortalidade tinha caído 43 por cento no grupo suplementado com Q10, comparativamente ao grupo placebo. Mais, o número de internamentos no grupo de Q10 tinha diminuído em 43 por cento.
Na Hungria, o Q10 está homologado como fármaco para a insuficiência cardíaca. Dada a vasta documentação, há boas perspectivas de que o composto acabe por ser homologado para esta finalidade em toda a Europa. Na Itália, no Japão e no Canadá, os médicos já dão Q10 aos doentes com insuficiência cardíaca, e com bons resultados.

O Q10 também é benéfico ao coração saudável

Como a produção endógena de Q10 diminui com a idade, será boa ideia tomar um suplemento de Q10, de modo que o coração obtenha esta substância essencial em quantidade suficiente.

Q10 e selénio fortalecem o coração e reduzem a metade as taxas de mortalidade entre os idosos saudáveis

No inovador estudo sueco KiSel-10, os cientistas administraram suplementos de Q10 e selénio a um grande grupo de idosos saudáveis, durante vários anos. Optou-se por estes nutrientes em associação, porque tanto o Q10 como o selénio são antioxidantes potentes e porque os dois nutrientes interagem entre si.
Os terrenos de cultivo na Europa são pobres em selénio. Além disso, os nossos níveis de Q10 vão diminuindo com a idade. Daí fazer todo o sentido testar estes nutrientes em associação. Metade dos participantes recebeu 200 mg de Q10 de qualidade farmacêutica e 200 microgramas de levedura de selénio, ao passo que a outra metade recebeu placebo correspondente. O estudo decorreu durante cinco anos e mostrou que o grupo que recebeu suplementação tinha uma taxa de mortalidade cardiovascular 54% inferior e bastante menos internamentos.
Estudos de seguimento, após 10 e 12 anos, mostraram que a utilização de Q10 e selénio tinha efeito duradouro na saúde cardíaca e na esperança de vida. E muito provavelmente este efeito será ainda maior se a toma dos suplementos for continuada.

O estudo KiSel-10 tem a particularidade de demonstrar que é possível manter a boa saúde na idade avançada

Formulações e biodisponibilidade

A qualidade dos suplementos que tomamos é tudo. É essencial para a biodisponibilidade, eficácia e segurança dos mesmos. Enquanto matéria-prima, o Q10 tem tendência para formar grandes cristais insolúveis de moléculas de Q10 agregadas. Estes cristais não se dissolvem à temperatura corporal, pelo que não conseguem atravessara membrana intestinal para a corrente sanguínea. Este é um problema comum à maioria dos suplementos de Q10. A única maneira de o resolver consiste em dissolver a matéria-prima Q10 em óleos, com diferentes pontos de fusão, e submeter as misturas a um tratamento térmico especial. Isto altera a composição dos cristais, permitindo-lhes dissolverem-se completamente antes de chegarem ao intestino delgado, pelo que as moléculas de Q10 conseguem atravessar facilmente a parede intestinal. Os cientistas responsáveis pelos estudos atrás referidos escolheram esta formulação de Q10 para a sua investigação, e escolheram também levedura de selénio. Ambas têm biodisponibilidade documentada e são facilmente absorvidas.

Referências bibliográficas:

Anna Di Lorenzo et al. Clinical Evidence for Q10 Coenzyme Supplementation in Heart Failure: From Energetics to Functional Improvement. Journal of Clinical Medicine 2020

Sharma A et al. Coenzyme Q10 and Heart Failure: A-State-of-the-Art-Review. Circ Heart Fail 2016

David Mantle and Lain Hargreaves. Coenzyme Q10 and Degenerative Disorders Affecting Longevity: An Overview. Antioxidants (Basel) Published online 2019 Feb

Mortensen SA et al. The effect of coenzyme Q10 on morbidity and mortality in chronic heart failure: results from Q-Symbio: a randomized double-blind trial. Journal of the American College of Cardiology, heart Failure 2014

Sylvia Oleck, Hector O. Ventura: Coenzyme Q10 and Utility in Heart Failure: Just Another Supplement? Pharmacologic Therapy 2016

Alehagen U, et al. Cardiovascular mortality and N-Terminal-proBNP reduced after combined selenium and coenzyme Q10 supplementation. Int J Cardiol. 2012

Alehagen U et al. reduced Cardiovascular Mortality 10 Years after Supplementation with Selenium and Coenzyme Q10 for four years. Follow-Up Results of a Prospective Randomized Double-Blind Placebo-Controlled trial in Elderly Citizens. PLoS One 2015

Urban Alehagen et al. Still reduced cardiovascular mortality 12 years after supplementation with selenium and coenzyme Q10 for four years. A validation of previous 10-years follow-up results of a prospective randomized double-blind placebo-controlled trial in elderly. PLOS ONE 2018

Pernille Lund. Q10 – fra helsekost til epokegørende medicin. Ny Videnskab 2014


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