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Taxa de selénio e risco de cancro da próstata

Taxa de selénio e risco de cancro da próstataA baixa taxa de selénio aumenta o risco de cancro da próstata no homem, e os homens dinamarqueses têm particular predisposição, segundo um estudo publicado no Bristish Journal of Nutrition. Estudos anteriores já tinham mostrado que a suplementação com selénio previne o cancro da próstata, e a levedura de selénio provou ter o efeito melhor.

A ingestão diária de selénio varia muito de país para país, consoante o teor de selénio no solo agrícola, visto que influencia toda a cadeia alimentar. A ingestão de selénio pode ser determinada no sangue, e os cientistas constataram que a ingestão de selénio dos habitantes dos Estados Unidos é relativamente elevada, ao passo que entre os europeus é bastante baixa.
Os investigadores responsáveis por um novo estudo, pretenderam investigar a relação entre a taxa de selénio nos homens dinamarqueses e o risco de estes desenvolverem diversas formas de cancro da próstata. Também investigaram as taxas de mortalidade entre os homens com cancro da próstata. Foram incluídos 27.179 homens no total, todos eles seleccionados do estudo de coortes exaustivo "Alimentação, Cancro & Saúde", que seguiu de perto a alimentação e o estilo de vida durante sete anos.
Em 2007, 784 participantes tinham desenvolvido cancro da próstata, de vários graus. Em 2012, quando os investigadores fizeram o acompanhamento dos participantes, 305 homens tinham morrido pela doença.

Os investigadores verificaram haver uma correlação entre níveis de selénio mais elevados e risco mais baixo de cancro da próstata agressivo.
Um estudo holandês, do Centro Médico da Universidade de Maastricht, com 58.000 homens na faixa etária entre 55 e 66 anos, examinou a relação entre níveis de selénio no sangue e o risco de desenvolver cancro da próstata. Este estudo mostrou que os homens com níveis de selénio mais elevados eram 63% menos susceptíveis de ter cancro da próstata.

Biomarcador do selénio

O selénio é essencial para cerca de 25 diferentes proteínas dependentes deste, que influencia a prevenção do cancro, o sistema imunitário, a função tiroideia, etc. A selenoproteína P é um biomarcador que desempenha um papel importante no sangue, ao levar selénio para todas as células e tecidos. Os cientistas observaram baixos níveis de selenoproteína P nos doentes com cancro da próstata.

Relatório com directivas alimentares sustenta a investigação

Em 2013, o Instituto Nacional para o Controlo Alimentar da Dinamarca (DTU Food) emitiu o relatório "Base de Evidência das Directivas Dinamarquesas sobre Alimentação e Actividade Física". O relatório afirma claramente que a suplementação com selénio reduz o risco de cancro da próstata. O mesmo relatório também salienta que o estudo SELECT (Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial) não corrobora esta conclusão. Verdade seja dita, deve-se, basicamente, ao facto de os vários estudos terem sido feitos com tipos diferentes se selénio, e a levedura de selénio orgânico afigura-se como a única forma de selénio eficaz.
A selenometionina pura não confere a mesma protecção contra o cancro que a levedura de selénio orgânico.

Em 1996, o investigador americano Larry Clark documentou (no estudo NPC) que a suplementação com levedura de selénio conseguia baixar a mortalidade por cancro em 50%, ao mesmo tempo que reduzia em 48-63% o risco de três formas de cancro frequentes. Uma destas formas era o cancro da próstata.
Apesar do estudo consistente de Clark, as pessoas frequentemente remetem para o já mencionado estudo SELECT, que foi realizado mais tarde num grande grupo de americanos a quem foram administrados suplementos de vitamina E e selénio. Surpreendentemente, este estudo não demonstrou um efeito protector no cancro, mas isso é evidente. Em primeiro lugar, os participantes do estudo tinham à partida níveis de selénio no sangue comparativamente elevados, o que se enquadra com o facto de haver muitas regiões dos Estados Unidos onde o teor de selénio no solo agrícola é bastante alto. Em segundo lugar, os cientistas que estão por detrás do estudo SELECT utilizaram selenometionina pura, uma forma de selénio que não provou, em estudos, ter propriedades anticancerosas convincentes. Os bons resultados só foram obtidos com levedura de selénio orgânico.

Muitos estudos científicos mostram como a suplementação com selénio pode prevenir o cancro, especialmente entre as pessoas que vivem em regiões do planeta onde o solo agrícola é muito pobre em selénio. É fundamental optar por levedura de selénio, uma vez que esta forma de selénio proporciona uma variedade rica de diversos compostos de selénio orgânico bastante semelhante à variedade de selénio presente numa alimentação que contenha selénio e equilibrada.

Fontes de selénio

O selénio encontra-se, por exemplo, no peixe, nas vísceras, no marisco, em frutos secos e alimentos integrais. O teor de selénio nas fontes vegetais depende muito do solo agrícola onde foram cultivados. Muitos americanos obtêm duas vezes mais selénio na alimentação do que os europeus, porque muitas regiões dos Estados Unidos são ricas em selénio.

Instituto Nacional para o Controlo Alimentar da Dinamarca (DTU Food): os suplementos de levedura de selénio protegem contra o cancro da próstata.
Segundo um relatório do Instituto Nacional para o Controlo Alimentar da Dinamarca, a suplementação diária com 200 microgramas de levedura de selénio faz baixar o risco de cancro da próstata.

O risco de cancro da próstata aumenta com a idade

Cerca de 30% dos homens dinamarqueses com mais de 50 anos de idade têm células cancerosas na próstata. Embora a doença leve anos a instalar-se, o cancro da próstata é o tipo de cancro mais frequente entre os homens de mais idade.

O selénio ajuda a regular as defesas imunitárias alteradas no cancro da próstata

Investigadores da Universidade de Copenhaga realizaram um estudo que revela como o composto do selénio - metilselenol - impede a disseminação das células cancerosas, em consequência do stress oxidativo e defesas imunitárias alteradas.
As células podem ficar sujeitas a stress quando expostas a agressão, vírus ou toxinas ambientais. Isto faz com que as células produzam uma espécie de "campainhas de alarme", os chamados ligandos NKG2D, que activam o sistema imunitário. Em circunstâncias normais, isto é desejável como parte da protecção das células contra agressão, infecções e cancro. Contudo, a situação pode ficar incontrolável. No caso de cancro da próstata, melanoma e certos tipos de leucemia, as células produzem grandes quantidades destes ligandos NKG2D, levando a uma hiper-reacção do sistema imunitário. Ao mesmo tempo, os ligandos NKG2D assolam a corrente sanguínea, de certo modo como feixes de "campainhas de alarme", que confundem e esgotam o sistema imunitário. A longo prazo, os ligandos NKG2D contribuem para a degradação do organismo, a menos que sejam controlados a tempo. Segundo os investigadores dinamarqueses, o metilselenol neutraliza a produção descontrolada dos problemáticos ligandos NKG2D, ao mesmo tempo que impede a sua propagação na corrente sanguínea. Mas, para tanto, é preciso que haja selénio e metilselenol no organismo em quantidade suficiente.

Os seis mecanismos anticancerosos do selénio

  • Antioxidante potente que protege as células contra os radicais livres
  • Repara a lesão do ADN
  • Inibe a formação de novos vasos sanguíneos em tumores (angiogénese)
  • Provoca a autodestruição das células doentes (apoptose)
  • Contribui para o bom funcionamento das defesas imunitárias
  • Controla a produção de substâncias que podem causar hiper-reacção das defesas imunitárias

Referências:

Malene Outzen et al. Selenium status and risk of prostate cancer in a Danish population. British Journal of Nutrition 2016

DTU Fødevareinstituttet. Evidensgrundlaget for danske råd om kost og fysisk aktivitet. 2013

Clark LC et al: Effects of Selenium Supplementation for Cancer Prevention in Patients with Carcinoma of the Skin. Journal of the American Medical Association: 1996

Hagemann-Jensen Michael et al. The Selenium Metabolite Methylselenol Regulates the Expression of Ligands That Trigger Immune Activation through the Lymphocyte Receptor NKG2D. The Journal of Biological Chemistry. 2014.

Klein EA et al. Vitamin E and the risk of prostate cancer: The Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial (SELECT). Jama 2011.

http://digitalarchive.maastrichtuniversity.nl/fedora/get/guid:21086f79-7264-43bc-9976-0b10afb27ba6/ASSET1

https://www.cancer.dk/forskning/center-for-kraeftforskning/kost-gener-miljoe/kost-kraeft-helbred/



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