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A maior parte dos suplementos alimentares não melhora a saúde cardíaca nem ajuda a viver mais anos

- porque não são da melhor qualidade

A maior parte dos suplementos alimentares não melhora a saúde cardíaca nem ajuda a viver mais anosA maioria dos suplementos com vitaminas e minerais não prolonga a vida nem protege contra a doença cardiovascular, embora o óleo de peixe pareça ter um bom efeito, segundo uma grande revisão da Universidade Johns Hopkins. Por outro lado, um estudo dinamarquês mostra que os níveis de vitamina D no sangue são cruciais para a esperança de vida de uma pessoa, e um estudo sueco inovador mostra que os suplementos de Q10 e selénio, patenteados, são benéficos para as pessoas de mais idade, pois melhoram a sua saúde cardíaca e reduzem em 50% a mortalidade cardiovascular. O importante é utilizar suplementos que contenham nutrientes em quantidade e qualidade adequadas, e que sejam absorvidos pelo organismo. A seguir, saiba mais sobre os diversos estudos e como pode melhorar a sua saúde cardíaca e aumentar a possibilidade de viver mais anos.

Muitos suplementos que contêm vitaminas, minerais e Q10 têm tão pouca qualidade que os ingredientes activos não são devidamente absorvidos, o que significa que podem ser um desperdício de dinheiro. O processo de envelhecimento humano pode, por si só, reduzir a absorção de várias vitaminas e minerais, e mesmo fazendo uma alimentação saudável e cumprindo as indicações alimentares, pode ser difícil obter vitamina D suficiente (devido à falta de sol) e selénio (devido ao solo pobre no nutriente). Há eventualmente necessidades individuais que devem ser tidas em conta, se se quiser obter um determinado efeito na saúde cardíaca e na esperança de vida. É igualmente imprescindível que os suplementos contenham a quantidade adequada dos nutrientes indicados e que esses nutrientes tenham uma qualidade que permita ao organismo absorvê-los, para que os ingredientes activos consigam chegar às células.

  • É legítimo esperar que um suplemento alimentar tenha eficácia
  • Os consumidores devem, por isso, exigir sempre a documentação necessária

O novo estudo, respectivos resultados e limitações

No estudo da Universidade Johns Hopkins, os investigadores utilizaram dados de 277 estudos clínicos e fizeram uma análise mais profunda de 16 suplementos de vitaminas ou outros, incluindo vários regimes alimentares para avaliar o seu impacto na saúde cardiovascular e na mortalidade. A revisão integrou dados de quase um milhão de participantes de todo o mundo.
Os cientistas puderam observar que a maior parte dos suplementos de vitaminas e minerais não consegue aumentar a esperança de vida e não confere protecção contra a doença cardiovascular.
Todavia, 41 dos estudos (que integraram ao todo 134.000 participantes) mostraram que o óleo de peixe tem efeito protector no sistema cardiovascular e potencialidade para reduzir em 8% os ataques cardíacos e AVC. Os suplementos de ácido fólico também conferem protecção contra o AVC. Ainda assim, o estudo concluiu que a grande maioria dos suplementos com vitaminas e minerais não causa impacto na saúde cardíaca e na esperança de vida.

Vale a pena registar que os investigadores da Johns Hopkins não estudaram a qualidade dos suplementos nem o seu teor em vitaminas e minerais, que, de resto, são factores determinantes.

Muito sol e vitamina D para viver mais anos

Um grupo de cientistas dinamarqueses, do Hospital Herlev e da Universidade de Copenhaga, realizou um estudo em 96.000 pessoas, que mostrou uma clara ligação entre baixas concentrações de vitamina D e doença cardiovascular, diabetes, cancro e morte precoce. Por outras palavras, uma concentração suficiente de vitamina D no sangue pode conferir protecção contra estas doenças, o que foi corroborado por outros estudos.
Contudo, os resultados dos estudos da suplementação com vitamina D não têm sido consistentes, o que, muito provavelmente, se deve ao teor limitado de vitamina D na maioria dos suplementos. O doseamento da concentração de vitamina D no sangue é feito em 25-hidroxivitamina D. O valor de referência é de 50 ng/ml, mas muitos cientistas consideram-no insuficiente e defendem que são precisos até 75-100 ng/ml para a melhor prevenção da doença.
Como o sol está muito baixo durante os meses de Inverno para permitir a síntese de vitamina D na pele, é recomendável tomar um suplemento de doses elevadas de vitamina D durante os meses frios de Inverno e em situações em que os níveis de vitamina D são insuficientes. O organismo absorve e metaboliza a vitamina D3 melhor do que qualquer outra forma da vitamina, especialmente se for dissolvida em óleo em cápsulas de gelatina.

Estudo KiSel-10: melhor qualidade de vida e metade da mortalidade

O estudo sueco inovador KiSel-10 foi realizado com homens e mulheres idosos, mas saudáveis. O objectivo do estudo foi verificar se os suplementos de Q10 e levedura de selénio conseguiam retardar o processo de envelhecimento e ajudar as pessoas a viver mais anos. O Q10, uma coenzima com um papel essencial na renovação energética celular, é extremamente importante para o músculo cardíaco sujeito a grande esforço. É igualmente um antioxidante potente que protege o sistema cardiovascular. Uma parte do Q10 que obtemos provém da alimentação, mas a maior parte do nutriente é produzida no organismo. A síntese de Q10 endógena diminui com a idade.
O selénio ajuda o Q10 a funcionar perfeitamente. O selénio também reforça muitos antioxidantes importantes que protegem o coração e o sistema cardiovascular.

A síntese de Q10 endógena diminui com a idade. Além disso, os terrenos agrícolas da Europa são muito pobres em selénio. Daí que a associação de Q10 e selénio, no estudo Kisel-10, seja a ideal.

O estudo Kisel-10 integrou 443 idosos dos sexo masculino e feminino. Os participantes foram distribuídos por dois grupos:

O estudo KiSel-10 durou cerca de cinco anos e foi coordenado por Urban Alehagen, cardiologista sueco, e uma equipa de cientistas da Universidade de Linköping e Instituto Karolinska, em Estocolmo. De seis em seis meses, os investigadores colheram amostras de sangue para fazer o doseamento dos vários biomarcadores da função cardíaca. Simultaneamente, avaliou-se a qualidade de vida dos participantes no estudo através de questionários. O estudo mostrou que os participantes do grupo de Q10/selénio apresentavam:

O estudo KiSel-10 está publicado na International Journal of Cardiology.
Estudos de seguimento, após 10 e 12 anos respectivamente, mostraram que a suplementação com Q10 e levedura de selénio tinha igualmente um grande impacto a longo prazo na função cardíaca e na esperança de vida.

Sabia que uma pessoa de 65 anos produz metade da Q10 de outra de 25?

É importante optar por Q10 de qualidade farmacêutica

O resultado de um estudo de Q10 depende da qualidade da formulação de Q10 utilizada. Por conseguinte, o efeito da formulação de Q10, patenteada, que foi utilizada no estudo KiSel-10 não é válido para outros produtos de Q10. Tem tudo a ver com as moléculas de Q10 activas. O organismo tem grande dificuldade em absorver Q10, porque as moléculas de Q10 tendem a formar grandes cristais insolúveis que não conseguem atravessar a parede intestinal e entrar no sangue. Contudo, a formulação de Q10 utilizada no estudo Kisel-10 é fabricada utilizando um tipo específico de óleo que é sujeito a um processo de aquecimento especial, o que permite aos cristais de Q10, no óleo, dissolverem-se à temperatura corporal normal. A documentação mostra que este produto é absorvido no sistema digestivo e funciona como é suposto.

Em teoria, a biodisponibilidade de um suplemento de Q10 pode ir de zero a 100%. Apenas os estudos controlados com placebo realizados em pessoas podem definir se um suplemento de Q10 – ou qualquer outro suplemento – efectivamente resulta.

Selénio e biodisponibilidade – uma questão de vida ou de morte

O selénio sustenta cerca de 30 enzimas selenodependentes (selenoproteínas) que regulam a renovação energética, as defesas imunitárias, a função tiroideia, a fertilidade e a prevenção do cancro. As selenoproteínas também funcionam como antioxidantes. As colheitas na Europa geralmente são pobres em selénio, e mesmo consumindo marisco, normalmente considerada uma boa fonte de selénio, pode ser difícil obter o nutriente em quantidade suficiente. Um estudo dinamarquês mostrou que as pessoas que ingeriam 1.000 gramas de marisco todas as semanas não conseguiam obter o aporte de selénio desejável.
Já em 1996, o cientista americano Larry Clark publicou o estudo NPC (Nutritional Prevention of Cancer), em que documentava que a suplementação diária com 200 microgramas de levedura de selénio, contendo diversos compostos de selénio orgânico em associação, diminui em 50% a mortalidade por cancro.
Num estudo posterior, denominado SELECT, os cientistas utilizaram selénio em associação com vitamina E, mas não conseguiram demonstrar o seu efeito protector no cancro. Nele, tinham utilizado L-selenometionina, que, ao invés da levedura de selénio, não demonstrou ter qualquer efeito no cancro. Além disso, a vitamina E utilizada era de fonte sintética.
A mensagem a retirar é que a utilização de levedura de selénio orgânico tem a virtualidade de salvar milhões de vidas em regiões pobres em selénio como, por exemplo, a Europa.
Os cientistas responsáveis pelo novo estudo da Universidade Johns Hopkins não se concentraram no tipo de selénio que os participantes tomaram. De resto, muito do solo americano é rico em selénio, o que significa que a suplementação com selénio, provavelmente, não faz qualquer diferença.

  • A suplementação com selénio pode compensar o baixo aporte de selénio na Europa
  • A levedura de selénio com uma diversidade de compostos de selénio simula a variedade natural de selénio que se obtém com uma alimentação equilibrada

Utilize sempre suplementos com qualidade comprovada

O mercado dos suplementos é uma selva, pelo que corre o risco de se desorientar. Deve, por isso, utilizar sempre suplementos de qualidade adequada, para que o organismo possa absorvê-los e metabolizá-los, e pedir sempre a documentação. A qualidade das matérias-primas, o processo a que foram submetidas e o acondicionamento, todos são de primeira importância para a biodisponibilidade e efeito. E o mesmo se passa com a dose.

Referências bibliográficas

Safi U. Khan et al. Effects of Nutritional Supplements and Dietary interventions on Cardiovascular Outcomes. Annals of Internal Medicine, 2019

Johns Hopkins Medicine. Vast majority of dietary supplements don´t improve hearth health or put off death, study finds. ScienceDaily. July 2019

https://www.dr.dk/levnu/krop/ny-forskning-lavt-d-vitamin-kan-foere-til-tidlig-doed

David Mantle and Lain Hargreaves. Coenzyme Q10 and Degenerative Disorders Affecting Longevity: An Overview. Antioxidants (Basel) Published online 2019 Feb

Urban Alehagen et al. Cardiovascular mortality and N-Terminal-proBNP reduced after combined selenium and coenzyme Q10 supplementation. Int J Cardiol. 2012

Urban Alehagen et al. Still reduced cardiovascular mortality 12 years after supplementation with selenium and coenzyme Q10 for four years. A validation of previous 10-years follow-up results of a prospective randomized double-blind placebo-controlled trial in elderly. PLOS ONE 2018

Clark LC et al. "Effects of Selenium Supplementation for Cancer Prevention in Patients with Carcinoma of the Skin", Journal of the American Medical Association: 276:1957-1963 (1996).

Klein EA et al. Vitamin E and the risk of prostate cancer: The Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial (SELECT). Jama 2011
Pernille Lund. Q10 fra helsekost til epokegørende medicin. Ny Videnskab 2014

Pernille Lund. Sund og smuk hele livet. Ny Videnskab 2016


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