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A síndrome de fadiga crónica é provocada por défice de Q10?

A síndrome de fadiga crónica é provocada por défice de Q10?Provavelmente, sim. Cada vez mais estudos mostram que a toma de grandes quantidades de Q10 e derivado da vitamina B3 é uma solução. O Q10 e a vitamina B3 são essenciais para a renovação energética no organismo, que acontece no interior das mitocôndrias das células. Um estudo mais recente mostra que a toma de suplementos destes nutrientes também pode ter efeito positivo no coração, que é o motor fulcral do organismo.

A síndrome de fadiga crónica caracteriza-se pela sensação de cansaço extremo durante mais de seis meses, dificultando a vida diária. E o cansaço não desaparece depois de dormir ou descansar, nem tomando estimulantes como o café. É um problema que pode ser extremamente debilitante – física e mentalmente. O diagnóstico faz-se depois de o médico excluir outros problemas subjacentes, e o termo “síndrome” significa que o problema implica vários outros sintomas.

A síndrome de fadiga crónica é uma doença bastante comum e muito controversa. São muitas as suas causas e os especialistas estabelecem diferenças entre factores subjacentes, desencadeantes e perpetuadores.

Conhecida internacionalmente como síndrome de fadiga crónica (SFC), recentemente passou a ter outro nome – Doença Sistémica de Intolerância ao Esforço (SEID) – também chamada encefalopatia miálgica (EM) e síndrome de fadiga pós-viral.

Defeitos nas centrais eléctricas celulares

Todas as células contêm pequeníssimas centrais eléctricas em forma de feijão, denominadas mitocôndrias. É dentro destas que gordura, hidratos de carbono e proteínas são transformados em energia com a ajuda de oxigénio e diversos nutrientes. A coenzima Q10 desempenha um papel fundamental neste processo. Como o cérebro, o coração, os músculos, o fígado e os rins precisam de grande quantidade de energia, as células destes tecidos estão repletas de mitocôndrias.
Sarah Myhill, investigadora da Universidade de Oxford, demonstrou que a síndrome de fadiga crónica é causada por mitocôndrias disfuncionais e também constatou que os níveis sanguíneos de coenzima Q10 são muito baixos nos doentes com SFC. Esta, segundo Myhill, pode ter efeito nocivo no coração, um órgão muito dependente da coenzima Q10.

Estudo espanhol com Q10 e NAD

Vários estudos demonstraram que os suplementos de coenzima Q10 e NAD (nicotinamida-adenina-dinucleótido) têm efeito positivo na síndrome de fadiga crónica. A NAD normalmente é sintetizada da vitamina B3. Daí a associação de Q10 e NAD ser muito importante, visto que os dois compostos têm um papel fundamental na produção energética celular.
Uma equipa de cientistas espanhóis, liderada pelo Dr. Jesus Castro Marrero, quis investigar se os suplementos de Q10 e NAD podiam melhorar a função cardíaca, a renovação energética, o sono e a sensação de dor em doentes com síndrome de fadiga crónica.
O estudo, em que participaram 80 doentes, durou oito semanas. Aos doentes foram administrados 200 mg de Q10 e 20 mg de NAD ou placebo correspondente (comprimidos sem substância activa). Os cientistas usaram uma formulação de Q10 dinamarquesa com elevada biodisponibilidade documentada.

Menos sintomas de fadiga

Os cientistas constataram uma redução significativa do ritmo cardíaco máximo nos doentes que tinham tomado Q10 e NAD. Por outras palavras, o coração destes doentes funcionava com menos esforço. Os doentes que tomaram Q10 e NAD também relataram menos sintomas de fadiga durante todos os ensaios de seguimento comparativamente ao grupo de controlo. Não se observou diferença significativa entre os dois grupos em termos de sono ou dor. Os suplementos de Q10 e NAD foram bem tolerados e não produziram efeitos secundários.
O estudo foi publicado em Clinical Nutrition, em 2016.

  • Q10 intervém na renovação energética das mitocôndrias
  • A maior parte do nosso Q10 é sintetizado no organismo, mas a produção endógena começa a diminuir a partir dos vinte anos
  • Nas doenças mitocondriais, como a síndrome de fadiga crónica, as células podem ter maior necessidade de Q10

O Q10 tem vários efeitos nas doenças mitocondriais

Muitos cientistas chamam à síndrome de fadiga crónica uma doença mitocondrial. Além de servirem de centrais eléctricas para as células, as mitocôndrias têm várias outras funções essenciais, como seja divisão celular, sinalização do cálcio e destruição celular programada (apoptose). As mitocôndrias têm uma enorme responsabilidade no que respeita ao reforço e saúde das células, e permitindo-lhes autodestruírem-se quando estão deterioradas ou afectadas por deterioração do ADN.
Nos vários processos de envelhecimento, as mitocôndrias podem sofrer diversos tipos de alteração. Admite-se que problemas como enxaqueca, senilidade, fibromialgia e doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson, todos são consequência de funcionamento deficiente das mitocôndrias.
Tudo indica que as mitocôndrias também são muito vulneráveis aos radicais livres, que são moléculas agressivas que atacam e destroem as células saudáveis. O número de radicais livres aumenta exponencialmente face a infecções, inflamação, intoxicação, tabagismo e outros factores de stress.
Q10 é o único antioxidante capaz de proteger o ADN mitocondrial (também designado por ADNmt) contra os radicais livres. E isto é muito importante porque, ao contrário das células, as mitocôndrias não conseguem reparar a deterioração do seu próprio ADN. Daí dependerem de protecção suplementar.
Q10 é uma substância única na medida em que é essencial para a renovação energética nas mitocôndrias, mas também por proteger o ADN mitocondrial.

Q10 protege as mitocôndrias vulneráveis

As células têm ADN próprio. E as mitocôndrias também. O ADN mitocondrial também é designado por ADNmt. As mitocôndrias têm vida própria no interior das células e são capazes de se reproduzirem livremente. As mitocôndrias precisam de protecção para o seu ADNmt vulnerável, e é aqui que o Q10 é relevante.

Outros estudos com Q10 e síndrome de fadiga crónica

A investigação anterior de Sarah Myhill e a sua demonstração de como usar Q10 como terapêutica em doentes com síndrome de fadiga crónica estão descritas na publicação Journal of Clinical and Experimental Medicine. Consoante os níveis de Q10 de cada doente, Sarah Myhill recomenda doses diárias de Q10 na ordem dos 200-600 mg para obter efeito terapêutico. É possível reduzir a dose mais tarde, quando os níveis sanguíneos de Q10 tiverem aumentado. Para obter benefício máximo, Myhill recomenda também um suplemento de B3 (a vitamina B3 é precursora da NAD). Recomenda ainda a toma de suplementos de magnésio e L-carnitina (presente na carne vermelha).

Opte por um suplemento de Q10 que o organismo consiga absorver e metabolizar

O Q10 é uma substância lipossolúvel. As moléculas de Q10 (na matéria-prima) juntam-se e formam grandes cristais que não se digerem a temperaturas inferiores a 49 graus. O sistema digestivo não consegue dissolver estes cristais, o que significa que atravessam o aparelho digestivo. A única forma de enfrentar este problema consiste em submeter a matéria-prima Q10 a uma técnica de fabrico especial, que implica diversos óleos e um processo de aquecimento que altera a superfície dos cristais, de modo a poderem ser completamente dissolvidos à temperatura normal do corpo. Isto permite que cada molécula de Q10 atravesse a membrana intestinal e entre na corrente sanguínea. Ao adquirir um suplemento de Q10, opte sempre por formulações com biodisponibilidade comprovada. Esta é a única forma de garantir que o Q10 chega às mitocôndrias.

Referências bibliográficas

Castro-Marrero J et al. Effect of coenzyme Q10 plus nicotinamide adenine dinucleotide supplementation on maximum heart rate after testing in chronic fatigue syndrome – A randomized, controlled, double-blind trial. Clin Nut. 2016 Aug; 35 (4): 826-34

Myhill Sarah et al; Chronic fatigue syndrome and mitochondrial dysfunction. International Journal of Clinical and Experimental medicine 2009

https://www.sundhed.dk/borger/patienthaandbogen/hjerne-og-nerver/sygdomme/kronisk-traethedssyndrom/kronisk-traethedssyndrom/

Pernille Lund. Q10 – fra helsekost til epokegørende medicin. Ny Videnskab 2014


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